Putin reforça seu controle sobre o poder na Rússia
Desde a sua campanha para o quinto mandato, o presidente russo Vladimir Putin eliminou todos os seus rivais mais importantes, consolidando ainda mais o seu controle sobre o poder.
Uma vitória sem oposição
Com uma votação que iniciou na sexta-feira e terminou no domingo, Putin conquistou a reeleição com mais de 87% dos votos, em um cenário em que todos os seus principais rivais foram impedidos de concorrer, presos ou mortos. O comparecimento foi de 77%, resultando em uma vitória recorde pós-soviética que tenta demonstrar a popularidade do presidente e o apoio à guerra na Ucrânia.
Entretanto, é importante ressaltar que essa popularidade é questionável devido ao nível de repressão na sociedade russa e à ambição de Putin de se tornar sinônimo do Estado russo.
Um cenário de repressão e poder absoluto
Os resultados da eleição chegam após a morte de Alexei Navalny, um dos maiores opositores de Putin, que faleceu enquanto cumpria uma sentença de 19 anos em uma colônia penal no Ártico. Além disso, a invasão russa da Ucrânia, que os países ocidentais chamam de “operação militar especial”, resultou em pesadas sanções contra a Rússia, mas pouco fez para enfraquecer o controle de Putin sobre o poder.
Mesmo antes de iniciar seu quinto mandato, Putin já é o líder russo que está há mais tempo no poder desde Josef Stalin. Com a possibilidade de permanecer no poder até pelo menos 2030, Putin busca se equiparar a figuras históricas como Catarina, a Grande e Pedro, o Grande, cujos poderes imperiais ele procurou imitar em sua conquista da Ucrânia e outras regiões.
O planejamento de décadas de Putin
A ascensão de Putin ao poder é resultado de uma combinação de fatores, incluindo riqueza, compadrio, fraude eleitoral e repressão. Mesmo quando seu vice, Dmitry Medvedev, estava nominalmente no comando, Putin consolidou seu poder ao longo dos anos.
Após a renúncia de Boris Yeltsin em 1999, Putin foi nomeado presidente interino e oficialmente eleito em 2000, cumprindo dois mandatos constitucionais. Durante esse período, ele demonstrou ambições imperiais ao travar conflitos na Chechênia e na Geórgia.
Com a mudança constitucional promovida por Medvedev em 2012, Putin reassumiu a presidência e intensificou as repressões contra grupos minoritários, como a população LGBTQ, a oposição e a sociedade civil, para consolidar sua narrativa de tradição russa.
O Kremlin utilizou inseguranças na população para promover uma propaganda queerfóbica antigênero, reprimindo grupos LGBTQ e oponentes percebidos, enquanto intensificava a militarização da sociedade e a agressão militar contra países vizinhos, como Geórgia e Ucrânia.
Repressão política e eliminação da oposição
Para garantir sua permanência no poder, Putin minou sistematicamente a oposição política, utilizando fraudes eleitorais, assassinatos, envenenamentos e sentenças de prisão draconianas. O Kremlin anulou diversas tentativas de concorrer contra Putin nas eleições, silenciando qualquer voz contrária à propaganda oficial.
Com sua reeleição, Putin projeta se manter no poder até pelo menos 2030, consolidando cada vez mais seu controle sobre a Rússia e reforçando sua posição como uma das figuras mais duradouras e poderosas da história russa.