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Por que o Hajj deste ano foi tão fatal

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Por que o Hajj deste ano foi tão mortal

O impacto mortal do calor durante o Hajj

Mais de 1.300 pessoas perderam suas vidas na Arábia Saudita durante o Hajj deste ano, a peregrinação anual a locais sagrados do Islã, devido às temperaturas extremas na região do Golfo. O país sempre enfrentou verões quentes, mas neste ano as temperaturas atingiram 125 graus Fahrenheit durante a peregrinação, condições que podem se tornar mais frequentes à medida que o mundo enfrenta os efeitos da mudança climática. Isso levanta a questão de como o reino pode melhorar a mitigação do calor para evitar mortes no Hajj nos próximos anos.

As mortes trágicas deste ano foram causadas pelo calor, mas foram agravadas por um sistema de vistos que muitos tentam burlar. Para os muçulmanos, o Hajj é um dos cinco pilares da fé islâmica, e muitos consideram a viagem a Meca, o local de nascimento do Profeta Maomé, como um dever para todos os crentes capazes. Para controlar o fluxo de peregrinos, a Arábia Saudita limita o número de vistos Hajj concedidos anualmente.

Para contornar essa restrição, algumas empresas fornecem vistos de turista para a Arábia Saudita que não incluem permissão para o Hajj – nem acomodações nos locais sagrados onde os peregrinos podem se proteger do calor. Sem assistência oficial do governo, muitos desses peregrinos não autorizados sofreram com a exposição ao calor, sendo a maioria das vítimas, de acordo com autoridades sauditas.

Não está claro como a Arábia Saudita lidará com esses peregrinos e as temperaturas extremas no futuro. Se o governo não agir, é provável que mais pessoas continuem morrendo em grandes números durante o Hajj.

O que é o Hajj?

O Hajj consiste em visitas a diversos locais sagrados em Meca, na Arábia Saudita, onde o Profeta Muhammad nasceu. Durante o Hajj, os muçulmanos visitam a Kaaba, um santuário dentro da Grande Mesquita, ao redor do qual devem caminhar sete vezes. Durante os cinco dias da peregrinação, eles também visitam outros locais fora de Meca, como o Monte Ararat, local do último sermão de Maomé.

Essa jornada é custosa, variando entre US$ 3.000 e US$ 17.000, dependendo do pacote escolhido e do país de origem. Estima-se que centenas de milhares de peregrinos que não conseguem obter os vistos oficiais realizam o Hajj por métodos alternativos todos os anos.

Por que foi tão mortal este ano?

Muitos peregrinos chegam ao reino com vistos de turista, que tecnicamente não permitem acesso aos locais do Hajj. Esses peregrinos não estão preparados para acomodação nos locais sagrados, sem transporte ou acomodações com ar-condicionado. Funcionários do governo relatam que 141.000 peregrinos não autorizados foram tratados por insolação.

Peregrinos de países pobres são os mais vulneráveis, pois não possuem as acomodações necessárias e são mais propensos a sofrer com o calor. O governo saudita tratou cerca de meio milhão dos 1,8 milhão de peregrinos este ano devido a problemas relacionados ao calor.

O Hajj deste ano não foi o mais mortal registrado, mas o governo precisará adotar medidas para reduzir o número de peregrinos não autorizados e garantir a segurança dos participantes nos próximos anos.

O que está sendo feito para tornar esses eventos mais seguros?

Governos estão responsabilizando corretores de viagens por levar peregrinos à Arábia Saudita sem as provisões adequadas para concluir o Hajj com segurança. O governo egípcio já sancionou 16 corretores de viagens por negligência. Encontrar formas de evitar essas visitas não autorizadas será importante para o país a longo prazo.

A mudança climática é outra preocupação, e os países do Golfo, incluindo a Arábia Saudita, correm riscos especiais devido às altas temperaturas. O governo tentou mitigar os riscos com medidas como mensagens de texto aos peregrinos e nebulização das passarelas, mas é necessário mais infraestrutura médica e melhorias na organização do evento.

Ações eficazes para reduzir as mortes por calor virão de mudanças nas políticas, como a redução de peregrinos não autorizados e investimentos em infraestrutura. A Arábia Saudita terá que enfrentar desafios significativos para garantir a segurança dos peregrinos nos próximos anos.

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