Os trabalhistas estão considerando a possibilidade de utilizar os recursos destinados ao plano de Ruanda para estabelecer um Comando de Segurança Fronteiriça. No entanto, uma associação de defesa dos direitos dos migrantes expressa preocupação com a perspectiva de o partido explorar acordos semelhantes com outros países.
Com a inclinação do Partido Trabalhista para assumir o governo, as próximas eleições no Reino Unido podem marcar o fim do mandato de Rishi Sunak como primeiro-ministro e do controverso plano dos conservadores de deportar solicitantes de asilo para Ruanda.
Os trabalhistas pretendem encerrar essa iniciativa, considerada ilegal pelo Supremo Tribunal do Reino Unido, e utilizar o montante designado para criar um Comando de Segurança Fronteiriça, com o objetivo de desmantelar as redes de contrabando de migrantes. Porém, existe o receio de que o partido explore acordos semelhantes com outros países terceiros, conforme alerta uma associação de defesa dos direitos dos migrantes.
“Apoiamos a decisão de abandonar por completo o plano relacionado a Ruanda, mas estamos apreensivos em relação à possível implementação de uma alternativa. A continuação da situação em Ruanda, já identificada como um local inseguro para muitas pessoas, é motivo de preocupação. Além disso, causa-nos preocupação a consideração de outro país pelo Ministério do Trabalho, dado que acordos bilaterais já estão em andamento. Exemplo disso são os acordos estabelecidos entre Bangladesh e Reino Unido para deportação de indivíduos, juntamente com a Índia”, explicou o diretor executivo da Rede dos Direitos dos Migrantes, conforme citado pela AP.
Um requerente de asilo afegão, cuja família sofre perseguição pelo Taliban, alertou em entrevista à Euronews que o plano do atual primeiro-ministro britânico poderia colocar em risco sua necessidade de proteção.
“Este primeiro-ministro está dizendo a todas as pessoas, aos novos chegados, que não podem permanecer e os envia para Ruanda. Isso não me beneficia. Para mim, Ruanda e Afeganistão são semelhantes”, declarou Faheem, o solicitante de asilo.
As embarcações que chegam ao Reino Unido através do Canal da Mancha representam apenas de 8 a 10% das chegadas de migrantes.
Números de migração global aumentam no Reino Unido pós-Brexit
Tanto trabalhistas quanto conservadores se comprometem a reduzir os números de migração legal líquida no Reino Unido, considerando o aumento geral da migração desde a implantação do Brexit em 2020. No entanto, ambos os partidos adotam estratégias diferentes para conter a migração.
“Os conservadores buscam restringir a oferta de vistos, estabelecendo um limite anual para emissão de vistos de trabalho e família. Já os trabalhistas focam mais na restrição da demanda por vistos”, destacou Dr. Ben Bridle, do Observatório da Migração da Universidade de Oxford.
A imigração é destacada como a principal preocupação dos eleitores conservadores, conforme veículos de comunicação internacionais, enquanto nem sequer figura entre as cinco prioridades principais dos eleitores trabalhistas.
O Reino Unido enfrenta escassez de mão de obra em diversos setores críticos, como a área da saúde, o que ressalta a importância de garantir rotas seguras e justas de migração para reativar a economia após um breve período recessivo.