Descoberta de possível esquema ilegal para venda de joias recebidas como presentes oficiais durante o mandato de Jair Bolsonaro repercute internacionalmente. Diversos veículos de imprensa estrangeiros deram destaque ao caso, após a Polícia Federal indiciar o ex-presidente por lavagem de dinheiro e outros crimes relacionados ao desvio de joias oferecidas pela Arábia Saudita.
O jornal suíço Le Temps, em sua edição de quinta-feira, noticiou que Jair Bolsonaro é acusado de tentar roubar US$ 1,2 milhão em joias. Segundo as informações divulgadas pela investigação na segunda-feira, o ex-presidente teria se beneficiado de um esquema de venda ilegal de joias e artigos de luxo, cujos valores eram posteriormente convertidos em dinheiro para integrar seu patrimônio pessoal sem passar pelo sistema bancário formal.
O caso veio à tona inicialmente em março de 2023, quando o jornal O Estado de S.Paulo reportou que as joias estavam dentro de uma mochila da comitiva do ministro de Minas e Energia, retornando de uma viagem oficial ao Oriente Médio. Funcionários do governo facilitaram a liberação das peças, sendo que alguns conjuntos de joias não constavam no acervo presidencial após a saída de Bolsonaro do cargo, apesar de serem consideradas patrimônio público pelo Tribunal de Contas da União.
O jornal francês Le Monde também cobriu o escândalo, detalhando os objetos envolvidos, como um anel, colar e brincos da marca suíça Chopard, relógios Chopard e Rolex de ouro e diamantes, entre outras joias. Já o Libération ressaltou que em países democráticos, os presentes ofertados aos chefes de Estado por convidados estrangeiros tornam-se parte do patrimônio nacional, não sendo considerados presentes pessoais, diferenciando-se da conduta adotada por Bolsonaro e sua equipe.
O Público de Portugal contextualizou o caso, mencionando que essa é a segunda vez em poucos meses que o ex-presidente é designado como suspeito de um crime. Em março, Bolsonaro foi indiciado por falsificação de certificados de vacinação contra a Covid-19, além de ser investigado por possível participação em uma tentativa de golpe de Estado após sua derrota nas eleições de 2022.
O jornal britânico The Guardian apelidou o caso das joias de “Jewellerygate” e mencionou que Bolsonaro ainda não se pronunciou sobre as alegações, mas havia negado anteriormente qualquer irregularidade durante seu mandato. Alegando que o ex-presidente é admirador de Donald Trump, o veículo destaca as investigações em curso e o panorama político em que o Brasil se encontra.
Diante desse cenário, o caso das joias recebidas como presentes oficiais durante o mandato de Jair Bolsonaro coloca em evidência questões éticas e legais, além de ressaltar a importância da transparência e integridade no trato de bens públicos. A repercussão internacional do escândalo traz à tona a necessidade de responsabilização e prestação de contas por parte das autoridades envolvidas, visando a preservação dos princípios democráticos e institucionais em um contexto marcado por turbulências políticas.